Naquela manhã o céu não clareou. Era possível ouvir barulhos de pássaros famintos pela carne que apodrecia lá fora, molhadas pelos pingos de chuva e o sangue derramado.
Almas inocentes meramente mortas por monstros inescrupulosos e amaldiçoadas pelo ódio. Berros e choros de desespero. Famílias debruçadas em corpos, ainda quentes, de sangue corrente espalhado pelo medo e a dor. Nas ruas tanques, fardas, tiros, tristeza e agonia. Olhos imergidos em lágrimas despediam-se de todos de tudo, rogando por piedade. Nas paredes e muros, homens, mulheres, idosos, crianças e jovens, encostados nus com armas em suas costas. “Bestas” riam, com suas funestas almas, riam da dor, do medo. “Bestas” malditas desgraçadas pelo tempo e enrijecidas pela frieza, ‘destilavam’ vidas, sem medo do pecado, sem sentimento de culpa, sem consciência de dor. Um vilarejo povoado pelo medo e excomungados pela “doença”, “doença” do desrespeito, do desgosto.
Assim suportaram até os últimos minutos, almas entorpecidas pela amargura e finalizadas por projéteis impiedosos. Olhos fechados à força. Gritos e berros de sofrimento espalhados pelo vento, atingindo a todo o hemisfério, na busca incessante de uma ajuda encontrar.
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