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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Fúnebre

Na sombra das árvores
Os pássaros avisam
A morte do Mártir

Por Universo das Palavras

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Um coração solitário

Caminhando pela areia e conversando com as estrelas, percebo que bem ao longe há um homem sentado, olhando para o mar e na sua face lágrimas caem. Fico olhando por algum tempo e aquele homem continua do mesmo jeito sem movimentar um músculo. Resolvo ir até ele e perguntar o que tanto o afligia.
Aprendi que quando alguém está triste nada melhor que um ombro amigo para ajudar.
Andei até ele e me sentei ao seu lado. Cumprimentei-o e me apresentei. Recebi um oi de retorno e seu nome. Perguntei se poderia ficar ao seu lado ou se poderia ajudar.
Ficamos sentados um ao lado do outro sem ao menos uma palavra ser pronunciada. Dois estranhos sentados à areia, apenas o som das ondas do mar. Por um momento pensei que fossemos ficar daquele jeito a madrugada toda, mas quando eu menos esperava palavras surgiram de sua boca.
Ele: _Você vem sempre aqui? - Suas lágrimas não caiam mais.
Eu: _Não, passei por aqui por um acaso, estava calor para ficar em casa e precisava refletir um pouco.
Ele: _Você já sofreu por algo que sabe que é para não causar mais sofrimentos?
Não entendi a pergunta, mas respondi: _Acredito que não.
Ele: _ Você tem família?
Eu: _Sim, tenho e você?
Ele: _Não!
Eu: _O que aconteceu com eles?
Ele: _ Eles quem? Minha família?
Eu:_ Sim!
Ele: _Os perdi!
Eu: _Perdeu?
Ele: _Sim!
Eu: _Vamos encontrá-los então! Eu te ajudo! - Disse toda animada, querendo ajudá-lo.
Não esperava ouvir o que ouvi.
Ele: _ Não, nunca iremos encontrá-los. Não estão mais aqui nesse mundo.
Arrepiei-me ao ouvir aquilo. Você já se imaginou sem sua família? Então perguntei:
Eu: _Mas o que aconteceu com eles?
Ele: _Acidente!
Eu: _Acidente? Acidente do que?
Ele: _Sim, acidente! Íamos para uma viagem de férias. No dia da viagem precisei ficar até mais tarde no trabalho e eles foram sem mim. Eu iria depois que saísse da empresa.
Eu: _E o que aconteceu?
Ele: _Durante a trajetória eles colidiram de frente com um caminhão que transportava combustível, os dois explodiram e minha família faleceu, assim como o motorista do caminhão.
Fiquei horrorizada com o que havia acabado de ouvir. Minhas palavras sumiram agora as lágrimas que caíam eram as minhas. Ele continuou:
_Minha mulher era incrível. Ela esperava um menino, estava de 02 meses. Minhas outras filhas eram gêmeas, tinham 08 anos. Estavam na 3ª série. Muito carinhosas comigo e com minha esposa, risonhas, muito inteligentes e dedicadas. Respeitavam-nos demais. Tinham vários amiguinhos que sempre iam lá em casa. Todo final de semana era a Cine Sexta, como elas diziam. Assistíamos vários filmes juntos e comíamos muita pipoca. Foram fins de semana maravilhosos. - Ele voltou a chorar, mas com um sorriso suave em seu rosto - Minha vida era perfeita. Quando fiquei sabendo que ela estava grávida de um menino, quase explodi de alegria. Ela era Linda, uma esposa e uma mãe espetacular. O dia do nosso casamento foi o melhor da minha vida. Nossa vida melhorou muito mais depois que as gêmeas nasceram. As mais lindas garotinhas que já havíamos visto até aquele dia. Demos muito amor àquelas crianças. Cada segundo ao lado das mulheres da minha vida foram inesquecíveis, cada sorriso, cada palavra, cada olhar. Não existe amor maior que o que eu sinto por elas.
Eu: _Quando isso aconteceu?
Ele: _Duas semanas atrás!
Assustei-me com a resposta. Tão pouco tempo. Ele era muito forte em conseguir contar aquilo. Eu não conseguiria.
Ele: _Minha vida perdeu o sentido após essa tragédia. Se não fosse Deus não sei o que faria. Perdi meus pais com 10 anos. Morreram soterrados após uma semana de chuvas fortes. Nunca conheci meus avós, mamãe dizia que eles a abandonaram quando pequena. Papai não falava dos pais dele eu não sabia nem o nome dos meus avós paternos. Não tive tios nem primos, pois meus pais eram filhos únicos, assim como eu. Dos 10 anos em diante aprendi a viver sozinho. Até encontrar Dominique, a minha esposa, e construir com ela minha família. -Seu choro já havia cessado - E Deus os tirou de mim também. Mas, sabe, eu tento aceitar esse fato. Tenho alguma missão para cumprir nesse mundo ainda. Algo que devo fazer sozinho. Primeiro Deus tirou meus pais, agora minha esposa e meus três filhos. Deixando-me aqui sozinho. Ele deve ter um propósito muito grande para mim e que com toda certeza devo cumprir sozinho.
Estava fascinada com a forma que esse homem via o mundo e as tragédias horríveis que tinham acontecidos com ele, sua Fé nunca acabara era mais forte que qualquer dor do mundo e ele aceitava os fatos sem se revoltar com Deus. Acreditando em um amanhã melhor.
Conversamos por um longo tempo olhando para o horizonte. Observado o mar. Vimos à lua indo embora descansar e o sol acordando. Demos bom dia a ele. Levantamos e fomos embora. Tornamos-nos amigos e continuamos com essa amizade até ontem. Ele faleceu. Nossa amizade durou cinco anos. Uma semana antes de sua morte entendi o porquê da visão que ele tinha dos fatos que aconteceram durante seus trinta e cinco anos. Meu amigo havia descoberto que tinha câncer um mês antes da morte da sua família. E sabia que eles sofreriam muito se os deixasse sozinhos aqui. Então quando Deus os levou, ele sabia que era para poupar sofrimentos futuros e que quando fosse também os encontrariam lá ao lado do Todo Poderoso.
Fiquei sabendo dessa doença uma semana antes da sua morte. Na noite que se foi eu estava ao seu lado e ouvi: _Nunca desista da sua vida, por mais difícil que seja é a coisa mais preciosa que existe então, viva ela o tempo todo, não desperdice um minuto sequer e não se esqueça que tudo tem seu tempo e que Deus sabe o tempo correto de cada fato que acontece. Sua amizade foi a mais intensa e maravilhosa que já tive em todos esses anos. Você foi um anjo que Deus mandou para ficar ao meu lado, enquanto ele cuidava da minha família para eu cumprir minha missão e ir embora. Não chore quando eu for, pois estarei indo ao encontro de pessoas que eu amo e jamais me esquecerei da sua amizade, vou ficar ao seu lado em todos os momentos. Após a sua última palavra, seus olhos fecharam e o que eu não queria que acontecesse aconteceu. Ele foi ao encontro da sua amada família.
Antes de ir pediu que eu cuidasse da sua clínica, com todo o amor que ele cuidou enquanto estava vivo.
Hoje está completando dois anos da sua morte, ainda sinto falta, mas sei que ele está o tempo todo comigo, dentro do meu coração.
Lembra da missão que ele sempre dizia que tinha e que com certeza era sozinho? Então, essa missão era dar sentido a minha vida. Aquele dia que o encontrei na praia eu é quem procurava ajuda e tentei ajudá-lo. Se não tivesse o encontrado aquele dia, não seria tão feliz como sou hoje. Cuidando da clínica de reabilitação para pessoas que tem ou tiveram câncer. O sonho que ele tinha e que deu sentido a minha tão dolorosa a monótona vida.
Termino essa história fictícia, lembrando-os, que Deus tem o tempo certo para tudo e para todos. Ele sabe o que faz o que pode acontecer na vida de cada um. Talvez um fato ruim seja a porta de entrada para uma reviravolta e aquelas pedras que estavam na frente do seu caminho, podem se transformar em flores lindas e perfumadas. Então nunca desista da sua vida nem dos teus sonhos. Nada é impossível, basta ter Fé naquilo que se quer e tudo acontece.


Uma passagem pelo paraíso

Assim como todos os seres vivos, nós nascemos, crescemos e morremos, alguns param no meio do caminho, sem poder desfrutar da vida mais alguns instantes. O tempo passa tão rapidamente, que às vezes nem vemos a vida passar. Estamos preocupados com o que vai ser de nós amanhã e esquecemo-nos de viver. Um espaço tão curto, tão pouco tempo e não sabemos aproveitar.
Reclamamos por tudo e todos. Um exemplo básico é o trabalho, se uma pessoa não está trabalhando, reclama constantemente, pedindo que Deus lhe dê um emprego, ao invés de aproveitar a ocasião e tentar relaxar um pouco, então começa a trabalhar, o certo seria agradecer e aproveitar a oportunidade de ter conseguido tal emprego, mas não, uma semana ou duas, se passam e lá está ele reclamando novamente, mas reclamando de estar trabalhando, diz que não gosta do emprego, que trabalha demais e por aí vai, então pede pra Deus lhe ajudar a encontrar um novo emprego, o indivíduo encontra outra fonte de renda, uma semana se passa e começa tudo de novo, só que agora se lamenta por ter saído do antigo trabalho. E assim vai. O ser humano não sabe aproveitar as oportunidades, não olha o mundo com bons olhos, reclama da vida de olhos fechados. Esquece que enxergamos colorido e vê apenas preto e branco e assim ele vai vivendo, esquece que estamos aqui na Terra apenas de passagem e que a vida é uma só para ser desperdiçada. Temos que aproveitar os momentos, viver com intensidade, se está trabalhando em algum local, se dedique ao que faz, faça a diferença, se destaque, viva os momentos; Se faz uma viagem, se divirta, se aventure, faça coisas inusitadas, não prive sua felicidade e não fique pensando nos afazeres, nos problemas que tem em casa. Aos pais, se preocupem com os filhos, mas deixe-os viver, deixe-os ver como é a vida com os olhos do mundo e não os prive de sentir medo, arrependimento, tristeza, dor, esses sentimentos fazem parte da vida, quem não os sente, não vive. A felicidade é encontrada nos piores e melhores momentos, basta vermos com o coração.
Feliz é aquele que aproveita a vida sem ter medo de errar, que vive intensamente cada minuto, fazendo o que tem vontade. Se preocupe menos e viva mais, viva o hoje, o ontem é passado, o amanhã se tornará também, você quer que seja mais um dia, sem significado algum? Eu não! Então acorde todos os dias e dê bom dia ao sol, dê bom dia à chuva, aproveite cada instante, eles são únicos, nunca, jamais um momento, um segundo, um dia vai se repetir, a vida não se repete, ela é única, e se não aproveitarmos ela como tem que ser jamais poderemos vivê-la novamente. Então VIVA.



quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O rio que desce

Ao longe um barco levando embora o alicerce de uma família sofrida. Vidas que vão junto com o vento soprando as ondas que fazem no rio, carregando em seu lombo mais um. 
Há alguns dias ele brincava junto às crianças e hoje desce o rio dentro de uma embarcação deixando saudade, lágrimas e tristeza. É possível ouvir gritos e berros de dor. Dor que corrói internamente perfurando o coração daqueles que ficaram. 
Mas a vida é assim ninguém sabe o dia de ir embora. Como todos dizem a vida é um mistério, mas a morte é ainda maior.

Por Universo das Palavras


Ódio do desejo

Sobre a mesa vejo frutas, derrubadas após um briga. Briga de dois amantes, separados pelo ódio que nasceu no coração daqueles que juntos foram felizes durante muito tempo. 
No chão, pratos quebrados, despedaçados pela dor de duas vidas em vão. Na parede branca era possível ver as marcas da raiva, do desespero, da tristeza e decepção. 
A cozinha tinha seus móveis bagunçados, cadeiras caídas e quebradas, talheres por todos os lados. O que estava acontecendo? Amores sinceros que se perderam no mundo da desilusão. 
Há rastros pela casa, em direção ao quarto, roupas pelo chão com marcas de desejo mescladas ao ódio e a pressa para amar. A porta do quarto silencioso está aberta, sobre a cama um casal apaixonado, dormindo abraçados, esperando o dia amanhecer e apagar o que aconteceu na noite anterior.

Por Universo das Palavras

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Brilho

Procuro nas estrelas
O brilho do passado
E o significado do futuro

Por Universo das Palavras

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Incógnita

Em uma estação ferroviária um homem com um livro em mãos, aguarda para o embarque no próximo trem. De repente um estrondo. O homem para e olha. Em sua direção um projétil, correr não adianta. Tudo para, o mundo para. O trem que vinha estagnou. A bala está chegando, girando com toda força. A bala cai, o livro também. No peito uma batida, a última do coração, de olhos abertos deitado no chão gelado, dá seu último suspiro. Tudo volta ao normal, o trem passa. Ninguém por perto, só uma sobra detrás da coluna, que também se vai. Só restou o livro aberto na página 27, com o título: Um judeu na Alemanha.

Por Universo das Palavras

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Palavras em dia de chuva

Os dedos que aqui digitam, são os mesmos que secam as lágrimas e as gotas de chuva que pingam sobre a mesa. Os olhos que aqui enxergam são os mesmo que veem as árvores balançarem com o vento e transbordam quando sentem o coração partido. A boca que aqui fala é a mesma que chama por nomes singelos e ao mesmo tempo fortes como o trovão que corre atrás dos clarões e raios que caem. Os pés que por aqui andam são os mesmos que se vão nas tardes chuvosas e voltam nas manhãs quentes. As palavras aqui escritas são as mesmas que no coração habitam, pela boca são pronunciadas, pelos olhos são lidas, pelos dedos dão digitadas e pelos pés pisoteadas.

Por Universo das Palavras

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Adeus

O dia amanheceu. Era chuvoso. As nuvens escuras e misteriosas tapavam o sol e o deixava sem respirar, com apenas alguns dos teus raios brilhantes para mostrar que ainda era dia. Um homem. Um banco. Uma esfera. Uma dimensão. Em seu pensamento as estrelas fugiam, o sol as assustava. Seu pensamento era turbulento. Os olhos se mantiveram fechados o tempo todo. Uma perna sobreposta à outra e os braços sob a cabeça. Descansar em um banco, deitado, sentindo o vento e os pingos de chuva cair sobre seu corpo, num sono profundo? Não! Se despedindo do mundo, do vento, das nuvens, do sol, das estrelas, das árvores, das gotas de chuva... O sentinela chega, um último adeus. Um estrondo, depois o silêncio, cabeças baixas. Logo chegaram as aves catartídeas. Agora tudo acabou, o dia escureceu ainda mais, as aves terminaram e foram embora. A alma já havia encontrado seu caminho. A ossada se decompôs e, só, restou na lembrança o último Adeus.
Por Universo das Palavras



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