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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Consciência Negra

Não é a cor que faz o homem.
Não são as cotas, que extinguem o preconceito.
Não é a piedade que dignifica o Negro.
É a igualdade tratada com respeito.

Por Universo das Palavras

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Sensação

Na imensidão do paraíso
O infinito me faz pensar
No que une o compromisso
Entre Terra, o Céu, a Água e o Ar.

Por Universo das Palavras
Foto: Google Images

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Gosto de chuva

Cícero era um rapaz muito elegante, dono de uma empresa conceituada em sua região. Um chefe flexível e sorridente, compreensivo com seus funcionários e muito bonito. Alto, porte atlético, sorriso largo, cabelos escuros e curtos, sempre muito bem arrumado. Cícero vivia bem vestido, com roupas sociais. Porém tinha um enorme defeito: um “Super Ego”. Orgulho era seu segundo nome. Vivia contando vantagem sobre tudo. Sua casa era melhor, seu trabalho era o melhor, tudo que fazia era melhor que o outro. Todas as vezes que alguém de uma classe “inferior” lhe dirigia a palavra, ele ignorava, como se não estivesse ouvindo, o que revoltava muita gente. Um belo dia, o elegante rapaz foi interrompido por uma senhora que lhe oferecia salgados. A mulher um pouco mais velha foi insistente e enquanto não conseguiu a atenção do vital homem não parou de insistir. Cícero com toda sua arrogância e orgulho, olhou com desprezo à senhora e disse que o que ela vendia não era plausível a alguém de porte como ele e continuou sua caminhada. Se passado 20 anos, o forte rapaz e totalmente seguro de si, já não existia mais. Cícero perdera sua empresa em uma jogatina e caiu em lamúria, vivia de lamentações, entretanto continuava com o orgulho de sempre. Uma noite ao sair de um bar, incrivelmente bêbado encontrou a mesma mulher dos salgados, que agora já arrastava os pés pela calçada por conta da idade avançada. Ao avistá-la, Cícero caiu em gargalhadas, referindo-a como alguém sem valor algum. Ao apontar à senhora, tropeçou e caiu em frente ao bar que acabara de sair, não conseguindo levantar do local - devido ao alto consumo de álcool -, continuou a gargalhar. Olhando para cima, Cícero enxergou alguns furos na cobertura externa do local. A chuva caía lentamente como de costume naquela época do ano e, de repente, enquanto Cícero observa as goteiras caírem, uma gota cai dentro de sua boca, descendo pela garganta junto com o orgulho que ali jaz. Ao lado, a senhora – motivo de toda euforia – fica a observar. O homem engasga com a minúscula gota de chuva e com o álcool que corre por suas veias e embaça seus olhos. Cícero morre ali, implorando por ajuda. A natureza apaga de vez o orgulho e a arrogância do que foi um dia um grande empresário. Acaba, ali mesmo, na frente de um mísero bar, Cícero, afogado pelo próprio ego. Ao concretizar a cena, a mulher continua sua longa caminhada, com o guarda-chuva preto arrastando-se pela calçada e a multidão que ajuntou-se voltam à suas vidas, como se nada tivesse acontecido.

Por Universo das Palavras
Fotos: Google Images


O pó dos sapatos

Ele era pai de três filhos. Pai e Mãe. Sem dormir durante três anos, trabalhava todos os dias e noites. Os cochilos, que tirava, eram o único descanso de todos os dias. Sem folgas, nem feriados, Luizinho trabalhava incansavelmente. No rosto o sorriso largo, que os olhos claros enfatizavam com o brilho da alegria em ver os filhos bem vestidos indo à escola . Segurança, pedreiro, marceneiro e tudo aquilo que se pode imaginar. O homem do boné verde e corpo atlético, era amigo de todos. Dos drogados e da “mais boa” gente. Dos 'flanelinhas' à classe mais paupérrima. Ah! Luizinho, homem de braços fortes e fé mais forte ainda. Somente Deus sabe do esforço incessante desse moço para cuidar dos filhos - que ele tanto amava -. Na pequena cidade no sul do estado, todos o conhecia. Fazia sol ou chuva, lá estava Luizinho. Trabalhando para ganhar o pão de cada dia, até que certo dia a morte lembrou-se do doce homem, que enxergava a vida verde esperança como a cor dos seus olhos. E o rapaz, que há três anos não dormia encontrou o descanso eterno naquele mesmo cemitério, em que ele próprio muitas vezes vigiou e jardinou. A terra comeu o corpo de Luizinho, junto com suas roupas, seu dinheiro e tudo aquilo conquistado durante anos. Ele se fora e deixara no mundo os três filhos criados. E mesmo sabendo de toda história do valente sonhador, até o pó dos sapatos eles bateram ao deixar sua carne enterrada.

Por Universo das Palavras
Foto: Google Images

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Acreditar

Um dia sonhei com Deus e Ele dizia:

_ Vai que você consegue.
Enquanto o vento soprava e as rosas exalavam seu aroma, Ele continuava dizendo:
_ Vai, você consegue.
Mesmo assim meus prantos ainda eram fortes, acreditava veemente que eu não era possível, mas mesmo assim Ele estava lá e dizia: 
_ Anda, vamos, você consegue! 
Olhando para o chão coberto de folhas secas, lágrimas caíam com frequência, mas Deus estava lá e dizia: 
_ Vamos minha filha, você é possível, você é forte e consegue! 
Caindo aos seus pés, pedi ajuda, supliquei que me tirasse daquela prisão sentimental. E então mais uma vez Ele disse: 
_ Eeei, você consegue! 
Então olhei para cima tentando ver seu rosto, que desfigurado não ficava nítido em minha mente. De repente um estalo, acordei, olhei para o teto e não vi nada além de gesso, olhei para os lados e, também, não havia ninguém. Então em cima do criado mudo ao lado da cama tinha uma folha em que atrás estava marcada: 
_Levante e vá, você consegue! 

Nada é impossível quando acreditamos, quando somos pessoas de Fé e agimos com positividade. Acreditemos em Deus e tudo SEMPRE dará certo.


Por Universo das Palavras
Foto: Google Images

sábado, 6 de julho de 2013

Despertar

Um novo despertar.
Despertar para a vida
Para o mundo.

Ouvir os pássaros novamente
Sentir a brisa suave
Olhar para o sol magnífico
E abrir um sorriso irradiante.

Levantar de um poço
Que parecia não ter fundo
Onde se cai... cai... cai...
E não encontrar pé.

Mas nada como encontrar uma corda
Agarrá-la com toda força
E reerguer com toda perseverança
E ardor que nossa alma permite.

Lutar como se nunca nada o derrotasse
Tentar novamente
Nada é tão fascinante
Quanto um novo salto
Para um futuro não tão distante
De dias melhores
E sorrisos mais lisonjeantes.

Por Universo das Palavras
Foto: Google Images

sexta-feira, 5 de julho de 2013

O Vazio

Sinto um frio tão grande.
Não consigo enxergar.

Olhar distante...
Difícil até mesmo, respirar.
Às vezes paro, penso
E começo a relembrar...
Alguns momentos sorrio, sozinha
Outros que choro profundamente.
Sinto um abraço tão forte
Um afago tão intenso,
Mas não vejo ninguém.


O frio ainda é forte...
Não consigo enxergar.

Muitas vezes a solidão me apavora
Outras me acalanta.
"Bolas" de desespero
Enroscam em minha garganta.
Não saem gritos,
Nem mesmo palavrões.
Saem somente lágrimas
Que correm devagarinho
E aos poucos se transforma em...
"Cachoeiras" que não cessam.


O frio continua forte...
Não consigo enxergar.


A única esperança
Está naquele que veio nos salvar
Sim o grande Criador
Que faz a visão clarear
O frio ir embora devagarinho
E a mente relaxar...


Por Universo das Palavras
Foto: UP


sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Casebre lá dos Fundos

Todas as noites, dona Verônica estava em sua cadeira de balanço olhando para o céu e fazendo tricô. Cada balançar de sua cadeira fazia com que o ringir dá tábua velha do assoalho escondesse os múrmuros e sussurros que vinha lá de dentro. 
Verônica era uma senhora viúva com cerca de 60 anos que vivia nas redondezas de Survivor, um pequeno município de interior, continha pouco mais de três mil habitantes. Desde que nasceu viveu naquele lugar. Seus pais morreram e lá continuou. Nunca se casara, nem filhos tivera. 
A cidade de Survivor era conhecida pelos muitos casos de desaparecimento de crianças. Todo ano cerca de 20 crianças desapareciam. Sempre que descobriam alguma gravidez na região, as igrejas começavam grupos de orações e cultos rogando pela vida da inocente que estava por nascer. Porém poucos conseguiam sobreviver. 
Policiais e investigadores buscavam solução para o problema, mas não conseguiam solucionar o caso. Nem mesmo os corpos eles encontravam. Havia mais de 800 famílias atormentadas pela dor da perda. Houve apenas uma criança, há 15 anos, em que surgiu em um terreno baldio com o corpo totalmente “fatiado”. A única pista que os investigadores tinham. A partir daquele dia passaram a procurar animais ferozes pela redondeza, além da antiga cogitação de que existia um maníaco por aquelas bandas 
Dona V., como era conhecida, sempre ia à cidade e ficava horrorizada com as histórias que ouvia sobre as crianças desaparecidas. 
Certo dia os investigadores resolveram ir para uma mata que tinha no fim da cidade, perto de onde a dona Verônica residia junto com seus cachorros. Ao entardecer resolveram chegar até a casa da simpática senhora para pedir-lhe um copo d’água. Ela os recebeu com muita hospitalidade, ao invés de apenas um copo de água ofereceu-lhes um café e algumas bolachinhas. Como estavam o dia inteiro caminhando ali por perto resolveram aceitar o convite da senhora e tomar o café. O que eles não esperavam era que aquele café seria o desfecho de algo há 60 anos em andamento. Enquanto estavam sentados à mesa saboreando as deliciosas bolachinhas, um dos investigadores ouviu um choro fraco, quase sussurrado vindo de alguma porta nos fundos da casa da doce senhora. Então a perguntaram de onde viera aquilo ou o que era. Ela respondeu, com receio, que não sabia. Então deixaram de lado e resolveram continuar o café. Alguns minutos depois o choro voltou e continuou, intrigados os visitantes pediram para dona V. deixar-lhes ir até os fundos para ver de onde viera aquilo. Sem hesitar a senhora levou-os até o local e voltou para dentro de sua casa. 
No quintal tinha um casebre velho, quase caindo, onde os investigadores resolveram entrar. Lá dentro era cheio de teias de aranha e móveis velhos cobertos com lençóis. Ao andar pelo casebre no canto direito quase embaixo de uma escrivaninha velha o som do assoalho mudou, ficando um pouco oco. Então resolveram abaixar e procurar algum porão ou tábua solta. Nesse momento o choro já não mais existia. Ao abaixar encontraram uma alça, feita de ferro, que ao puxar abria uma pequena porta. Uma escada que de mais ou menos cinco degraus dava passagem a algum lugar, escuro e fedorento, então um dos investigadores desceu para ver o que estava guardado lá, quando de repente a porta do casebre bateu com estrondosa força. Era a dona V. com uma velha garrucha em mãos e um pequeno caderno de capa marrom no bolso direito do avental azul que usava. 
Num estalo a garrucha foi disparada e os dois correram para detrás dos móveis escondendo-se da senhora. Dona V. os chamava e dizia que o porão era o seu paraíso, onde seus filhos moravam e que não podiam mexer, era particular. 
Os rapazes assustados tentaram conversar com ela perguntando por que esconder tanto algo, já que era um paraíso, que os deixasse ver e usufruir dele. Ela caminhando devagar dizia baixinho e com voz doce que era só um local em que queria deixar preservado sem que ninguém soubesse, já que era sagrado para ela. De repente dona V. sumiu e um estrondo enorme ouviu-se, os rapazes correram ao encontro da velha que já estava caída coberta de sangue na cabeça. Verônica atirara na própria cabeça. Os rapazes voltaram ao casebre para ver o que tinha dentro do porão. Ao entrar um cheiro horrendo se alastrou, o calor era infernal e a visão ainda pior. Mais de oitocentas cabeças cortadas e penduradas em varais feitos de nylon, os corpos jogados no canto da parede de terra, podres. Era perceptível o rosto das crianças limpos e sempre com uma marca de batom vermelho claro na face direita de cada um. A mesma cor do batom que dona V. usava. 
Ao voltar para a delegacia um dos investigadores tirou do bolso um caderno de capa marrom, aquele que a dona V. guardava no avental. Era um “diário”, em que ela escrevia sobre cada uma das crianças mortas, como fazia para capturá-los e porque cortava suas cabeças. Ela os tinha como filhos, já que não tivera filho durante toda sua vida. 
Verônica sofria de um distúrbio mental. Seus pais morreram quando ela tinha 20 anos e a partir de então sentia-se muito sozinha e todos os dias ficava observando a felicidade das crianças com seus pais, passeando pelas ruas ou saindo da escola, foi enquanto que a obsessão e os desaparecimentos começaram. 
Os investigadores acreditavam que o choro que ouviram era da alma de alguma daquelas crianças para salvar as tantas outras, que a demente senhora V., iria, ainda matar. Foram lidas apenas duas páginas do diário, já que as palavras eram escritas com sangue, que Verônica guardava em um tinteiro sobre a velha escrivaninha no casebre lá dos fundos.

Por Universo das Palavras



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