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domingo, 24 de junho de 2012

Guerra

Naquela manhã o céu não clareou. Era possível ouvir barulhos de pássaros famintos pela carne que apodrecia lá fora, molhadas pelos pingos de chuva e o sangue derramado. 
Almas inocentes meramente mortas por monstros inescrupulosos e amaldiçoadas pelo ódio. Berros e choros de desespero. Famílias debruçadas em corpos, ainda quentes, de sangue corrente espalhado pelo medo e a dor. Nas ruas tanques, fardas, tiros, tristeza e agonia. Olhos imergidos em lágrimas despediam-se de todos de tudo, rogando por piedade. Nas paredes e muros, homens, mulheres, idosos, crianças e jovens, encostados nus com armas em suas costas. “Bestas” riam, com suas funestas almas, riam da dor, do medo. “Bestas” malditas desgraçadas pelo tempo e enrijecidas pela frieza, ‘destilavam’ vidas, sem medo do pecado, sem sentimento de culpa, sem consciência de dor. Um vilarejo povoado pelo medo e excomungados pela “doença”, “doença” do desrespeito, do desgosto. 
Assim suportaram até os últimos minutos, almas entorpecidas pela amargura e finalizadas por projéteis impiedosos. Olhos fechados à força. Gritos e berros de sofrimento espalhados pelo vento, atingindo a todo o hemisfério, na busca incessante de uma ajuda encontrar.

Por Universo das Palavras
*A Guernica, obra pintada por Pablo Picasso no ano de 1937, onde representa o bombardeio acontecido no mesmo ano na cidade espanhola de Guernica. Saiba mais clicando aqui.

terça-feira, 12 de junho de 2012

O Gato

Nasci com sete vidas
Que amparam o meu medo
Cada uma com um sentido
Protegem-me do perigo
Então fico no sossego

Acordo sempre tarde.
Como e durmo a todo o momento.
A minha cama que é culpada,
Pois é feita de almofada
E até meu miado fica sonolento.

Quando quero carinho
Peço cafuné
Fico todo manhoso
Faço cara de preguiçoso
Chegando de mansinho.

Meus donos me acham lindo
Porque sou todo fofinho
Na verdade são eles que fazem
Porque comida me trazem
Então eu fico gordinho.

Assim eu uso minhas vidas
Que não precisavam nem existir,
Pois eu não faço nada
Nem brinco com a molecada
É verdade, não tem o porquê de mentir.

Por Universo das Palavras


sábado, 9 de junho de 2012

Acabou!

Tudo tão de repente, dias de euforia. Felicidade profunda. Risos, histórias, conversas, carinhos, momentos, instantes, mas como tudo que é bom acaba rapidinho. Acabou. Você cativou meu sorriso, conquistou meu coração, aguçou os meus desejos. Você me fez feliz demais e infelizmente acostumei-me com a felicidade, mas agora sofro por falta dela. Seu cheiro, seus carinhos, sua voz, seu sorriso, nada sai da minha mente. Meu coração fracassado e despedaçado não me deixa te esquecer. Seu corpo bonito de braços fortes e abraços deliciosos. Nossos dedos entrelaçados, olhando para o nada e sonhando com o futuro. Quantas promessas e quantos sonhos. Tudo destruído. Foi embora com a chuva, deixando só o frio e a saudade. Talvez esse fosse o propósito, sonhar, sonhar e sonhar... e não sair desse mundo de desejos inalcançáveis para realiza-los, mas sim fazer-me apaixonar para depois soprar forte e fundo apagando tudo, deixando somente a dor. 
A saudade bate forte, lembro-me do brilho dos teus olhos, da doçura das tuas palavras e perder tudo assim, como se não tivesse sido nada. Cada gota de lágrima que cai é uma lembrança que surge na minha mente em qualquer hora do dia. Tudo me lembra de você. Sinto seu colo quentinho, me afagando em momentos de tristeza, seu carinho me acalmando nas horas de agonia. Lembro-me até mesmo de suas piadas, bobas, mas que me fizeram rir por horas. As músicas que ouvimos juntos e agora doem a cada nota tocada. O céu caiu, meu chão desabou e me machucou, destroçando meus sentimentos e explodindo minha mente em uma fração de segundos. Sinto muito... Não era para ser assim!

Por Universo das Palavras



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