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sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Fotografia


Vejo lágrimas caindo por dentre linhas profundas que marcam o rosto sofrido, daquela que um dia sorriu de verdade. Cada passo dado é uma lágrima deslizando pelas trilhas que o tempo deixou. Na mente a lembrança de uma infância pobre, mas feliz. Pais amorosos, irmãos carinhosos.
Os galhos que hoje queimam, um dia, foram uma casa, um refúgio, onde com seus livros ela viajou para Londres, Paris, Grécia, Egito... e até mesmo ali do lado. A corda que arrebenta fio a fio e evapora com a fumaça, suportou crianças de todos os jeitos e tamanhos, proporcionou voos altos mesclados com fortes gargalhadas e momentos intensos e eufóricos. O banco que ficava no jardim embaixo da mesa de madeira, que hoje estala despedindo-se, leva consigo promessas e segredos compartidos entre amizades sinceras e que se apaga em cinzas e some com o vento. Cada móvel, cômodo... vai embora deixando somente a saudade do passado.
E aqui, fica guardada na memória a “Era” em que nada preocupava, tudo era considerado normal e as marcas que o tempo deixou para lembrar tudo aquilo que a “Era” também causou. Sua casa desmanchara por conta do fogo que roubou toda a alegria de alguém que carrega, somente, um estômago vazio e uma fotografia de família.

Por Universo das Palavras

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