Translate

domingo, 25 de janeiro de 2015

Alemanha

A Gestapo estava aí. Carneirinhos arrasados e devastados pela dor da perda. Cabeça por cabeça, uma atrás da outra. Cabelos compridos, curtos, encaracolados e lisos. No momento era o que se via. Sobre as calçadas pessoas horrorizadas e nas ruas, pobres miseráveis envergonhados por ser quem eram. Escárnio da “hierarquia racial”. Pobres “animais” caminhando ao matadouro.
Adentravam as residências com a força e gentileza de bois e demônios, caçando inocentes. Ao ouvir batidas em portas ou ver “cavalos marchadores” com listas de casa em casa, sabia-se como seria o futuro daquelas funestas almas.
Idosos, adultos, jovens e crianças choravam desguarnecidos por todos os cantos. Não sobrava nada além de lágrimas, lares vazios e medo. Pelo ar sentia-se o odor de corpos queimados, advindos do obscuro.
Alguns viviam embaixo de sótão, escondidos em porões, vendo o sol nascer e ir embora, por frestas. A guerra estava aí e ninguém mais sabia como seria o fim daquele dia. Seria uma bomba? Um fuzilamento? Campo de concentração ou só mais um dia de terror antes do adeus fatal?

Por Universo das Palavras
Cena do filme: A Lista de Schindler. Fonte: Google Images

sábado, 15 de novembro de 2014

Era uma vez um "Lar"

Era um espaço, visto como um depósito de idosos, onde todos que por lá passavam olhavam com pena daqueles que lá moravam, mas ao chegar à esquina posterior ao local já esqueciam tudo que viram por cima do muro alto e voltavam às suas casas e ao cerne de suas famílias. 
Mesmo com tanta pena, ninguém entrava para dizer bom dia, muito menos para oferecer ajuda, só pensavam como deveria viver naquele lugar de silêncio, esperando o último dia. 
Porém, aqueles que adentraram contam sobre a leveza que sentiram no ar, falam do canto dos passarinhos que adornavam a “compacta” pracinha centrada muro adentro, com uma gigante árvore que ornamentava seu espaço interno. Seus galhos eram tão grandes que quase chegavam às pequenas casas dividas entre duas pessoas, compostas por dois quartos, cozinha e banheiro. As rampas davam a firmeza que os pés e pernas necessitavam para que se mantivessem em pé, os corrimãos sentiam o esforço que as cuidadosas mãos faziam para passar por eles todas as manhãs, tardes e noites.
Visitantes ainda contam, sobre algumas das muitas histórias que se podia conhecer lá dentro. Havia aqueles que de cara fechada e outros que acolhiam com o sorriso. Nas janelas os olhinhos que esperavam uma visita, mas não de qualquer um, mas daquele que tinham o mesmo sangue pulsando no coração.
Cada porta contava uma história, todas elas que faziam o coração palpitar. Cada experiência uma lágrima de quem escutava com atenção, mas em todas as histórias, todas as conversas, os visitantes contam que a tristeza era escondida atrás do sorriso carente que esperava mais uma visita. Quem adentrava era acolhido com clamor, sabedoria e fraternidade. Aquele que os abraçavam sentiam seu corpo arrepiar e o abraço estendia-se por segundos, minutos... 

Certa vez ela fora visitar o tal lugar dos muros altos, encantada com tudo que vira adentrou as pequenas casas, em uma delas encontrou duas senhoras, onde viu o branco e o preto, a calma e a ansiedade, o silêncio e o barulho; era o significado da oposição. Aprendeu artesanato e ouviu-as com zelo, mas uma delas cativou-a intensamente, era a mais nova que lá vivia, a atenção era tanto, que quando a abraçou, na garganta veio um nó, que insistiu em ficar. No sorriso largo via-se compaixão, escondida pela comoção e a intensa vontade de chorar. Talvez lembranças tivessem surgido ou era apenas o que o momento lhe proporcionara. A senhora que lhe retribuiu o abraço pediu que ela voltasse.
E era no olhar perdido da mais nova moradora do “cárcere do abandono” que a visitante encontrava o significado da palavra SAUDADE.

Por Universo das Palavras
Fonte: Google Images

domingo, 14 de setembro de 2014

O Pedido

Tic tac, tic tac, tic tac...

Ela olha o relógio e o telefone a cada 30 segundos.

Tic tac, tic tac... trrrrriiiimmmm

O telefone tocou.
   - Alô!
   - Oi, por gentileza, a Raquel?
   - Desculpe meu senhor, mas se equivocou com o número.
   - Tudo bem, obrigado!

Tic tac, tic tac, tic tac...
   - Esse telefone que não toca!
 Dim dom, dim dom
   - Não, campainha agora não! 

Ela abre a porta com rispidez e o semblante ansioso e enfurecido é encoberto por um lindo buquê de rosas vermelhas, escondendo um pedido:
   - Oi, perdi seu número, adorei a noite passada. Sai comigo?

Ela tira o relógio, desliga o telefone, coloca o buquê sobre o sofá, fecha a porta e sai sem lembrar do tempo.
Por Universo das Palavras
Fonte: Google Images

Lençol Branco

A mão leve escorregava pelo corpo macio e sedoso da moça dos lábios vermelhos. Olhares voluptuosos. Cada toque trocado os estremecia. Nas faces ruborizadas o suor deslizava com cuidado. Sobre a cama o lençol branco transparecia a pureza dos dois jovens amantes. Corpos arrepiados e arredios. Aos poucos as bocas se encostam e numa fração de segundos o ambiente transcende desejo. Dois corpos emaranhados sentiam o pulsar forte do coração tentando escapar. Tremores, gritos e euforia. 
Então tudo para e o ambiente se acalma. E lá estão os jovens enamorados encharcados de prazer no seu primeiro deleite, sob o lençol que já não é mais branco.

Por Universo das Palavras
Fonte: Google Images

domingo, 29 de junho de 2014

Som do Poeta

Talvez esse seja o "som do poeta"
Um grunhir qualquer que se ouve ao longe...
As estrelas que "ardem cintilantes" na escuridão...
O vento que entra e bate nas cortinas barulhentas...
As teclas de uma máquina...
O amassar de papeis...
O colocar da caneca sobre a mesa...
Os carros que passam...
O tilintar do sino na madrugada...
Um bêbado que pisa sobre as folhas secas da rua vazia...
A melancólica melodia que se espalha...
O respiro que se sente...
E a lágrima que cai.

Por Universo das Palavras
Fonte: Google Images




Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...