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quarta-feira, 18 de março de 2015

Quem viu o amor?

Cadê o amor?
Para onde foi?
Talvez esteja enterrado,
No mais profundo buraco.
Teria ele um retorno?
Não se sabe! 
Pode estar escondido
Ou aqui pertinho
Mas e se foi embora e não quer mais voltar?
Espera! Existe amor? 
Não é mais uma palavra bonita com sentido subjetivo?
Seria o amor a lágrima que cai?
Ou é a dor do coração que tem o nome de amor?
Mas se dizem que o amor é lindo e deixa tudo mais deslumbrante, por que ele seria uma dor ou então derrubaria lágrimas?
Fala-se tanto em amor, mas não se sabe qual seu sinônimo, nem por onde anda, nem onde fica e nem qual é o seu cheiro.
Na verdade só sabe o que é o amor, quem ama, só sente o seu cheiro, quem vive por ele, só sabe a sua cor, quem enxerga com olhos de amante. Só se sabe o que é o amor, quem derruba lágrima por ver seu (sua) amado (a), filho/filha, pai/mãe, irmão/irmã, avô/avó... chorar, quem abraça com ternura pra dar conforto e colo aconchegante, quem acorda com beijo doce e sorriso de bom dia, quem pega na mão e caminha por aí, quem ri do que não tem graça, quem abraça na hora do medo. Só se sabe o que é amor, quem aprende a amar, aprende a definição de respeito, de cumplicidade, de reciprocidade, quem confia de olhos fechados, quem enxerga colorido onde todos não vêem cor. Só se sabe o que é o amor, quem ama incondicional, doa-se sem esperar retorno.

Por Universo das Palavras
Fonte: Google Images

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Vestido de Seda Vermelho

As portas se abrem e lá do fundo ela vem caminhando. No corpo traz apenas um vestido de seda vermelho, colado, aberto perna a mostra. Os quadris largos, cintura fina, cabelos longos e boca vermelha aguçam a imaginação de homens e mulheres que de longe a observam. Por onde passa deixa seu perfume doce e marcante. Poder, beleza e sensualidade regidos na mais perfeita maestria. 
Ela caminha pelo corredor que parece não ter fim. Postura ereta, passos compassados. Nas outras salas ouvia-se o som do salto alto. 
Mulheres olhavam com inveja. Era a beleza mais deslumbrante que já havia sido apresentada. Elegância e sensualidade. Os homens a comiam com os olhos. Rasgavam seu vestido com a boca. Desejavam cada fio de cabelo, cada centímetro de seus lábios. A voz rouca e calma adelgaçava a curiosidade de experimentar o seu sabor.
Ela entra na sala presidencial e deixa o prédio em poucos minutos. Ouve-se apenas seu nome, Lucy. Quem seria Lucy, qual seria o segredo de tanta beleza, charme, elegância e poder?
Lucy, solteira e milionária fora fazer investimentos naquela “fatal” empresa. Assim como todos, Paulo, o presidente e proprietário, ficara deslumbrado com tal beleza e vidrado no decote mais perfeito que já vira. Fora convidado, pessoalmente, a um jantar de negócios. Paulo, como um homem bem sucedido, aceitou sem nem mesmo pensar. Seu interesse era estritamente profissional.
Ligou para casa, avisou a esposa que não iria jantar, pois estaria em uma reunião de negócios. Saiu da empresa e foi direto encontrá-la em um dos restaurantes mais bem frequentados na cidade. Falaram de negócios a noite toda. Lucy estava disposta a comprar a empresa de Paulo. Propôs pagamento à vista, em dinheiro. Sem entender qual o interesse da mulher, o empresário disse pensar sobre o assunto. Conversa vai, conversa vem. Taças de vinho, boa comida, boa música, troca de olhares e a noite termina em um motel. Lucy tem mais uma reunião de negócios, bem sucedida.
A noite se repete uma, duas, três, quatro, cinco vezes. O casamento de Paulo já não era mais o mesmo, ele só pensava na sensual e poderosa mulher, que poderia ter em sua cama todas às noites, satisfazendo todos os seus desejos. Lucy enfeitiçava Paulo com beleza, dinheiro e prazer. Ao passar uma semana, ele se separa e sai de casa. Lucy o observa de longe, era como se seus olhos de águia o conhecessem há anos. Mal sabia Paulo, o que lhe esperava. 
Os dois saem para comemorar a nova vida que o empresário teria a partir de então. Cheia de riquezas, luxos, sem compromissos e responsabilidades. Tudo que ele, como um homem cheio de vaidades, gostaria de ter. Os dois viviam bem durante meses, Lucy era a mulher que todo homem sonhava. Até que ela o convence a passar a empresa em seu nome, justificando com a explicação de que sua ex-mulher poderia ficar com metade do patrimônio do amante apaixonado, durante a separação. Paulo, sem questionar fez tudo que ela pediu. Ela o enfeitiçara.
Ao terminar as assinaturas, Lucy com sorriso largo no rosto, olhos vidrados em sua presa, promete a mais perfeita e prazerosa noite de amor a Paulo, que fica excitado apenas em olhar a boca que pronunciara tais palavras.
Os dois vão direto ao motel, onde ficaram a primeira noite. Lucy tira a roupa e o provoca com seu corpo escultural. O homem que transpira ao olhá-la, não acreditando ter em sua cama mulher tão extasiante. 
A noite prometia loucuras. Lucy continuava com olhar fixo e hipnótico. Deixara a banheira enchendo enquanto fazia seu homem “queimar” na cama redonda de lençol branco. Paulo salivava a cada toque, gesto. Sua vontade era pular em cima dela e saciar todo aquele desejo. Mas ela se esquivava, prendia suas mãos no colchão e o provocava vagarosamente, enlouquecendo o rico empresário. Lucy beijava-o por inteiro, passava a mão macia da sua presa em seu corpo nu. O coração de Paulo palpitava e clamava pelo corpo e sabor da mulher.
Lucy calculava cada passo onde pisava. Vão à banheira, onde deita seu homem, que já estava totalmente fora de si. Lucy faz tudo que Paulo quer e no ápice do prazer, tira debaixo do seu roupão uma corda e enrola nas mãos e pescoço do seu alvo. Paulo pergunta o que está acontecendo e ela apenas responde estar deixando mais interessante à “brincadeira”. Paulo estourando de desejo concorda e continua, ela o olha como se fosse comê-lo aos poucos e conclui a noite de prazer asfixiando seu mais novo amante. Lucy serve-se com uma taça de champanhe e observa sua presa estremecer até o último suspiro, ao som de música clássica. Sai da banheira, veste-se e caminha de encontro à porta com mais alguns milhões.
Lucy, a partir de então passa a se chamar Anita e com o mesmo vestido de seda vermelho, marca mais um x na agenda preta de capa aveludada.

Por Universo das Palavras
Fonte: Google Imagens

domingo, 25 de janeiro de 2015

Alemanha

A Gestapo estava aí. Carneirinhos arrasados e devastados pela dor da perda. Cabeça por cabeça, uma atrás da outra. Cabelos compridos, curtos, encaracolados e lisos. No momento era o que se via. Sobre as calçadas pessoas horrorizadas e nas ruas, pobres miseráveis envergonhados por ser quem eram. Escárnio da “hierarquia racial”. Pobres “animais” caminhando ao matadouro.
Adentravam as residências com a força e gentileza de bois e demônios, caçando inocentes. Ao ouvir batidas em portas ou ver “cavalos marchadores” com listas de casa em casa, sabia-se como seria o futuro daquelas funestas almas.
Idosos, adultos, jovens e crianças choravam desguarnecidos por todos os cantos. Não sobrava nada além de lágrimas, lares vazios e medo. Pelo ar sentia-se o odor de corpos queimados, advindos do obscuro.
Alguns viviam embaixo de sótão, escondidos em porões, vendo o sol nascer e ir embora, por frestas. A guerra estava aí e ninguém mais sabia como seria o fim daquele dia. Seria uma bomba? Um fuzilamento? Campo de concentração ou só mais um dia de terror antes do adeus fatal?

Por Universo das Palavras
Cena do filme: A Lista de Schindler. Fonte: Google Images

sábado, 15 de novembro de 2014

Era uma vez um "Lar"

Era um espaço, visto como um depósito de idosos, onde todos que por lá passavam olhavam com pena daqueles que lá moravam, mas ao chegar à esquina posterior ao local já esqueciam tudo que viram por cima do muro alto e voltavam às suas casas e ao cerne de suas famílias. 
Mesmo com tanta pena, ninguém entrava para dizer bom dia, muito menos para oferecer ajuda, só pensavam como deveria viver naquele lugar de silêncio, esperando o último dia. 
Porém, aqueles que adentraram contam sobre a leveza que sentiram no ar, falam do canto dos passarinhos que adornavam a “compacta” pracinha centrada muro adentro, com uma gigante árvore que ornamentava seu espaço interno. Seus galhos eram tão grandes que quase chegavam às pequenas casas dividas entre duas pessoas, compostas por dois quartos, cozinha e banheiro. As rampas davam a firmeza que os pés e pernas necessitavam para que se mantivessem em pé, os corrimãos sentiam o esforço que as cuidadosas mãos faziam para passar por eles todas as manhãs, tardes e noites.
Visitantes ainda contam, sobre algumas das muitas histórias que se podia conhecer lá dentro. Havia aqueles que de cara fechada e outros que acolhiam com o sorriso. Nas janelas os olhinhos que esperavam uma visita, mas não de qualquer um, mas daquele que tinham o mesmo sangue pulsando no coração.
Cada porta contava uma história, todas elas que faziam o coração palpitar. Cada experiência uma lágrima de quem escutava com atenção, mas em todas as histórias, todas as conversas, os visitantes contam que a tristeza era escondida atrás do sorriso carente que esperava mais uma visita. Quem adentrava era acolhido com clamor, sabedoria e fraternidade. Aquele que os abraçavam sentiam seu corpo arrepiar e o abraço estendia-se por segundos, minutos... 

Certa vez ela fora visitar o tal lugar dos muros altos, encantada com tudo que vira adentrou as pequenas casas, em uma delas encontrou duas senhoras, onde viu o branco e o preto, a calma e a ansiedade, o silêncio e o barulho; era o significado da oposição. Aprendeu artesanato e ouviu-as com zelo, mas uma delas cativou-a intensamente, era a mais nova que lá vivia, a atenção era tanto, que quando a abraçou, na garganta veio um nó, que insistiu em ficar. No sorriso largo via-se compaixão, escondida pela comoção e a intensa vontade de chorar. Talvez lembranças tivessem surgido ou era apenas o que o momento lhe proporcionara. A senhora que lhe retribuiu o abraço pediu que ela voltasse.
E era no olhar perdido da mais nova moradora do “cárcere do abandono” que a visitante encontrava o significado da palavra SAUDADE.

Por Universo das Palavras
Fonte: Google Images

domingo, 14 de setembro de 2014

O Pedido

Tic tac, tic tac, tic tac...

Ela olha o relógio e o telefone a cada 30 segundos.

Tic tac, tic tac... trrrrriiiimmmm

O telefone tocou.
   - Alô!
   - Oi, por gentileza, a Raquel?
   - Desculpe meu senhor, mas se equivocou com o número.
   - Tudo bem, obrigado!

Tic tac, tic tac, tic tac...
   - Esse telefone que não toca!
 Dim dom, dim dom
   - Não, campainha agora não! 

Ela abre a porta com rispidez e o semblante ansioso e enfurecido é encoberto por um lindo buquê de rosas vermelhas, escondendo um pedido:
   - Oi, perdi seu número, adorei a noite passada. Sai comigo?

Ela tira o relógio, desliga o telefone, coloca o buquê sobre o sofá, fecha a porta e sai sem lembrar do tempo.
Por Universo das Palavras
Fonte: Google Images



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