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sábado, 26 de maio de 2012

Mais uma história de amor

Estavam todos sentados, olhos arregalados e ouvindo mais uma história de amor. No fundo da sala pessoas estavam falando, mas ela continuava a contar sua história. 
Naquele domingo eles iam embora e o garoto franzino deixaria para trás aquilo que mais sonhou e o único amor verdadeiro que teve em toda a sua vida. Moravam em uma casa de barro, pequena e simples. 5 filhos. Uma longa estrada pela frente, no estômago somente o vento. 
A alguns metros residiam outra família. 13 filhos. E o que tinham em comum? Dois corações ligados por um único sentimento. 
A hora da partida chegara, e lá longe via-se uma linda menina correndo pelos capins verdinhos, cabelos claros ao vento e coração palpitando. As pernas não mais suportavam, mas a mente não a deixava parar. Na casa de barro eles arrumavam a mala. O garoto com uma camisa azul clara, velha e gasta pelo tempo, os outros de chinelinho nos pés, estavam prontos para seguir viagem. De repente aponta em meio às flores e a poeira da estrada, a garotinha de saia rodada, lágrimas escorriam pelas bochechas avermelhadas e voavam com o vento, respiração fadigada pela pressa escondendo a voz com a palavra adeus. Um encontro. Ele chora. Abraçam-se. Dois corações puros e ingênuos separados pela miséria e transbordando em lágrimas de sofrimento. Na camisa azul as lágrimas mais doces e singelas pingavam e ali ficariam por toda a eternidade; No suor do seu corpo ela carregava o cheiro e a tristeza de seu amado... 
Todos se levantam o sino badala, hora de ir embora. Meninas saem curiosas com os olhos mergulhados em lágrimas e os meninos sonhando com o final daquela linda e real história. Infelizmente a aula acabou e a professora deixa o final para outro dia. Na mente só ficou a lembrança das delicadas palavras proferidas pelos encantados lábios da fascinante contadora de história.
Por Universo das Palavras


segunda-feira, 7 de maio de 2012

Peso do Tempo

Na vida tudo passa muito depressa, a evolução do homem acontece em “segundos”, se não aproveitamos ela passa diante dos nossos olhos e não percebemos. Da infância a velhice. Tudo muito repentino. Hoje acordo, tenho nove anos, amanhã já estou com noventa. Rápido demais e triste. Não é por menos que dizem: “Tudo que é bom, dura pouco”. 
Hoje mesmo, enquanto rumava ao trabalho, vi algo que me entristeceu, comum entre os homens, mas mesmo assim preferia não ter visto é como se o fim estivesse próximo, os últimos dias. Uma senhora, na varanda de sua casa com um andador em mãos, passo a passo, enchendo seus pulmões com o vento da manhã. Então me recordei de 12 anos atrás, quando era possível observar essa mesma senhora na frente de sua casa, conversando com as pessoas que pela rua passavam. A residência dela fica no centro da cidade, então a comunicação era constante. Andava de um lado a outro na calçada, sorrindo, conversando, às vezes ficava sentada no degrau em frente à porta da casa, e lá ficava, tinha dias em que 8 horas eu passava para ir à escola, voltava 11h45 e lá ainda estava ela, sentada ou andando. Nessa época eu tinha 8 anos. Seis anos depois, agora com 14, lembro-me dela mais cansada, não andava tanto, ficava sempre sentada, conversava com poucos que passavam. Quase ninguém. Era como se ela estivesse ficando transparente ou então às pessoas tinham mais pressa, não tinham muito tempo para ela, contudo todo dia lá estava à senhora, andando de um lado a outro na calçada e sentada no degrau da porta durante horas. Mais seis anos se passaram, hoje com 20 anos, vi essa mesma mulher, só que agora na varanda da casa, com um andador em mãos, olhando para a rua, observando os carros, as pessoas que um dia já lhe deram atenção. Era como se cada passo que a senhora desse doesse em mim, passos curtos e rasteiros, cabelos brancos e ralos, pele marcada pelo tempo, mais fraca que o de costume. Não entendi o porquê senti tanto, só sei que mexeu muito comigo, é como se tivesse voltado ao tempo e revivido todos aqueles momentos, nunca tivemos contatos nenhum, além de “bom dia”. Vi-a envelhecer, mesmo distante, em “outro mundo”. Quando cheguei ao meu trabalho, sentei e pensei “O que se passa na cabeça dela, ver que tantos anos já se passaram, que não tem mais a mesma força, nem o mesmo vigor, lembrar-se das pessoas em que ela conversava todo dia, de cada pedra em que pisou, das árvores que cresceram ao lado da casa, ver as construções que foram derrubadas e reconstruídas, das roupas que já foram usadas, dos carros que já passaram por lá, das crianças, que assim como eu, ela viu crescer? Questões ‘perturbaram’ minha mente durante horas e não consegui esquecer. Talvez esse artigo seja um desabafo, assim, como também, uma maneira de expressar admiração que sinto por aquela senhora. Mesmo tantos anos, ainda busca o ar fresco das manhãs. 
Enfim, é engraçado como uma cena simples como essa nos faz pensar tanto e refletir sobre as coisas, no quanto temos que aproveitar cada minuto, cada segundo se possível. Por que dormir tanto? Sendo que poderíamos estar fazendo algo melhor? Lembrei-me, até mesmo, da instrutora da academia em que frequento, onde hoje chamou minha atenção por chegar tarde, o que ela tem razão. Pensei também nos momentos que perdemos chorando, brigando, sofrendo... Por mais que sejam sentimentos que carregamos conosco e precisamos vive-los é um tanto quanto “desleal” com o tempo, pois tudo um dia acabará, de uma forma ou de outra. Nunca paramos para olhar o céu, uma noite de estrelas, as arvorezinhas que cresceram, as flores que desabrocharam, o sol que está mais forte, a sintonia da lua, as nuvens como estão branquinhas... São poucos momentos como esses que observamos. Estamos o tempo todo correndo atrás de mordomia, conforto, beleza, dinheiro... Futilidades que colocamos como “objetivos” de vida e não pensamos que tudo isso ficará para trás. Temos que zelar mesmo é do nosso espírito e fazer dos momentos simples os melhores. Então deixo aqui uma pergunta a você, que está lendo esse artigo: “Quantas vezes na sua vida, não importa a sua idade, você parou, fechou os olhos e sentiu o vento tocar seu rosto e quais foram às vezes que observou folhas caírem no outono?” Se nunca fez isso, tome cuidado, sua vida está passando e o tempo não volta!

Por Universo das Palavras

domingo, 22 de abril de 2012

Amigo

É assim que aconteceu
Espontâneo, momentâneo e forte
Um amigo para toda a vida
Em busca da eternidade
...
Não há palavras para descrever nossa amizade.
...
Só sei que é assim...
Você daí e eu daqui, nos entendemos e compreendemos...
Meu amigo para todo o sempre!
Universo das Palavras
Ramon

Bailarina

Nas pontas dos pés ela fica
Girando e girando
Os braços delicados ela estica
Fecha os olhos e sai voando

A música tocando
Suave e sem parar
Enquanto ela dança deslizando
Formosa pelo ar

Rosto angelical
Menina das sapatilhas rosadas
Leveza sobrenatural
Agradece as almas ali conquistadas

O público aplaude emocionado
Mais uma apresentação
Da bailarina com os pés cansados
Que toca o coração.

Por Universo das Palavras

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Mais uma história brasileira

Barcos estão chegando, todos pulavam e não sabiam o que dizer ou o que fazer, com suas lanças à beira do rio esperavam os novos visitantes, mal sabiam eles que esses barcos “tomariam” seu território. Chegaram homens cheios de roupas, mulheres muito bem arrumadas, freis e padres. Eram muitos, barcos de todos os lados, de todos os lugares. 
Línguas diferentes, um tanto quanto incomunicável: 
_Quem são, o que querem? Todos assustados olhavam não conseguindo entender o que era aquilo. Pessoas seminuas, somente com um penacho na cabeça e um “tapa sexo” – como dizia o Tarzan - as mulheres nuas, sendo “digeridas” pelos olhos dos novos visitantes. O povo selvagem não entendia o porquê de tantas roupas, e aqueles “penduricalhos” pelos braços, orelhas e pescoços das mulheres da “outra tribo”, ficavam olhando as pedras brilharem e assustados. Mães escondendo filhos, homens protegendo suas mulheres... 
De tanta insistência e presentes, conseguiram fazer desse povo do corpo de fora e de mulheres bonitas seus “escravos”, os homens trabalhavam e as mulheres satisfaziam seus “desejos”; enquanto isso os freis e padres o ensinavam mais sobre outra cultura, língua e sobre seu deus. 
Muito tempo se passou, os homens brancos tomaram o local, que foi cobiçado e invadido por outros “caras pálidas”, onde “roubaram” terras, destruíram famílias e acabaram com a natureza daqueles que, até certo tempo, viviam nas sombras das árvores, comiam os frutos fresquinhos, tomavam água limpinha, banho de rio, brincavam entre as areias da praia e viviam em paz com os animais e tudo que era vivo. 
Os agora crentes no Deus Tupi, acreditavam em outro Deus, aprenderam uma nova língua, outras culturas, comidas diferentes, tiveram filhos de “outras cores”, usavam roupas e começavam a serem chamados de Civilizados, porém suas raízes, crenças, cultura, ritos, valores... ficaram presos nos mesmos lugares onde os homens brancos pisotearam e “cuspiram”. 
Enfim assim iniciou-se a história brasileira, os portugueses chegaram e mudaram tudo, então vieram os espanhóis com suas castanholas, os italianos e a massa deliciosa, os japas e seus pratos diferentes, porém deliciosos... Uma miscigenação de etnias nascidas “a força”, mas que formou esse nosso Brasil, de gente bonita e animada, cada um com suas peculiaridades, sua cultura inconfundível, mulheres lindas, povos calorosos, lugares encantadores, pratos espetaculares, trabalhos maravilhosos... Então agradecemos aos nossos Índios por tudo que fizeram e suportaram para fazer do que hoje conhecemos por ENTRE OUTRAS MIL ÉS TU BRASIL, Ó PÁTRIA AMADA... Então termino esse pequeno artigo com um pedacinho de um poema que mostra o quão incrível é nosso país que os Índios 'construíram':

“... Nosso céu tem mais estrelas, 
Nossas várzeas têm mais flores, 
Nossos bosques têm mais vida, 
Nossa vida mais amores”...
(Gonçalves Dias)

Parabéns os Índios por seu tão merecido dia e que suas histórias e lendas sobrevivam a eternidade.

Por Universo das Palavras
19 de abril dia do Índio



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