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sábado, 7 de janeiro de 2012

Aromas

Garota pequena que corre dentre as flores atrás da colorida borboleta, flores que por suas pernas passavam balançando e exalando aromas, recendendo o ar. As pétalas voavam com o vento e caíam no moinho, rodando com a água do rio doce ali de perto. As bromélias dançavam silenciosas observando a menina que corria com um forte sorriso no rosto. As árvores balançavam seus galhos derrubando folhinhas calmas e vagarosas que encostavam no chão macio. E assim foi a menina, passando pelas plantas acordando os girassóis e assanhando as pequenas abelhas, que vinham voando desesperadas ao encontro do seu néctar.

Por Por Universo das Palavras

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Decepção

Decepção. De acordo com o dicionário Aurélio significa: Engano; logro; desilusão; desapontamento. Mas não é somente isso. Decepção é uma das dores mais fortes que existe, a mente vaga no vazio, o sorriso não aparece, o sol não nasce... As ruas ficam vazias, o coração ferido; sentimos uma perda muito grande, uma tristeza gigantesca que não passa. As pessoas falam em um túnel muito distante, não conseguimos ouvi-las. Não importa o que aconteça, a mente não volta a funcionar como deveria. São sentimentos como esses que nos fazem pensar se existe alguma máquina do tempo para que pudéssemos voltar e começar novamente, mas de forma diferente, onde no final não houvesse sofrimento e muito menos decepção. Àqueles que já sofreram decepções e que a superaram têm minha profunda admiração. O hoje é eterno dentro daquilo que sinto e que penso. As horas que não passam fazem com que a dor não vá embora e os fantasmas do passado voltem a todo o momento assombrando os instantes de felicidade, soprando no ouvido lembranças que gostaríamos de “deletar” para sempre da nossa mente e nosso coração, mas como nada disso é possível, assim continuamos seguindo, mesmo com os arranhões e cicatrizes profundas o medo e a dor acabam, fica apenas o desapego como lembrança daquilo que um dia já foi verdade.

Por Por Universo das Palavras

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Insanidade

Naquele dia o sol não nasceu. Cânticos se ouviam no fim da rua, cânticos de sofrimento. Gritos de dor e arrependimento. Na mão da menina um corpo. Sangue sujavam suas roupas brancas do ano novo. Ano que se iniciou com uma tragédia, jamais esquecida pelos olhos da população daquela cidade. À noite fora tão agitada que não foi possível salvar nem mesmo a vida do pobre moço apaixonado. A nebulosa névoa que cobrira o céu da manhã, mostrava a desgraça que acontecerá na noite passada. 
Risos. Gargalhadas. Brincadeiras. Superstições. Crianças até tarde brincando. Estouro. Champanhe. Fogos. Cumprimentos. Abraços. Beijos. De repente um estrondo. Sangue. Correria. Copos e garrafas quebrando. Gritos. Choro. Berros de desespero. Medo. A luz se escondeu. A rua ficou vazia. Para onde foram todos? Não se ouve vozes, nem cochichos... somente passos vagarosos e olhos arregalados. Chacina? Não! Acerto de contas. Ele roubara sua namorada e agora o moço de capuz preto ferira dois corações, um com um tiro e outro com a morte de quem ela mais amava. Vidas em vão em uma noite qualquer de um ano que mal começou.
Por Por Universo das Palavras

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Sertão brasileiro

A lua era forte, na melancólica noite em que Helena adormeceu eternamente. Dias quentes de verão declaravam a seca do sertão. Sem água, sem trabalho, sem comida, sem vida. Assim se encontravam os nordestinos, procurando formas de não deixar os filhos passarem fome. Famílias com seis, sete filhos dormindo em casebres, bebendo a água da chuva e comendo o que o pai conseguia para colocar em casa, às vezes apenas farinha. Farinha e água. Alimento que quando saciava a fome de todos, significava fartura. 
Assim vivia a família de dona Helena, uma boia-fria moradora do sertão nordestino, mulher, mãe, guerreira... D. Helena era mãe de 6 filhos, cujo mais novo tinha 7 meses e o mais velho 14 anos. Viúva e boia-fria, trabalhava junto com os três primeiros filhos para conseguir levar o que comer para dentro de casa. Jorge, o filho mais velho – 14 anos – ajudava a mãe no canavial. Simão e Gilberto – 12 e 11 anos – trabalhavam como engraxates. Solange – 10 anos – essa ficava em casa para cuidar dos outros dois irmãos, Suzana – 3 anos – e Sérgio – 7 meses.
O pai morrera de malária há alguns meses, d. Helena, a partir de então passou a trabalhar para sustentar o lar, ou melhor, para mantê-los vivos. Todas as noites a batalhadora viúva chorava e pedia para que o Senhor lhe concedesse saúde e força para que pudesse sobreviver e cuidar dos filhos. 
A água, na casa de dona Helena, era escassa, o poço que abastecia o pote estava secando, mas os vizinhos a ajudavam fornecendo pelo menos água limpa para as crianças saciarem a sede durante o dia, os banhos eram tomados no rio longe de casa, onde ela também lavava roupas. O café da manhã era um copo de água que os vizinhos lhe davam, o almoço feijão e farinha, às vezes tinha sal para misturar; o jantar era a sobra do almoço. Comiam os mais novos, porque os mais velhos já eram fortes o suficiente para aguentarem a fome. A casa onde viviam era feita de barro, divididos em dois cômodos, cozinha e quarto, sem mobília, com somente um fogão de barro e uma mesa feita de tijolos. A cama eram folhas de bananeira com cobertores encontrados em um aterro nos arredores. 
Em uma noite estrelada de lua clara, dona Helena saiu para pedir um pouco de água a algum vizinho, porque o mais novo tinha fome e o leite já havia secado. D. Helena não aguentando ver a criança chorar de tanta fome foi procurar alguém para lhe dar um pouco de água. O bebê chorou até adormecer, as crianças também e d. Helena não voltou. Seu corpo foi encontrado na manhã do outro dia. Jorge saíra para procurar a mãe e encontrou-a caída a 2 metros da casa com uma caneca de água em mãos. 
Dona Helena havia encontrado o que procurava, mas não aguentou a fome, nem a sede, perdendo as forças no meio do trajeto, o que saciaria a fome do filho poderia ter feito com que ela sobrevivesse, mas o destino não quis assim e a batalhadora mulher de 38 anos morre no sertão nordestino por desnutrição e desidratação. 
Os filhos de dona Helena continuaram vivendo na casa durante alguns anos, o bebê não suportou tanto tempo e alguns meses após a morte da mãe faleceu, Jorge, Solange, Simão, Gilberto e Suzana conseguiram sobreviver e continuam trabalhando no canavial, lutando contra doenças, fome, sede... e sofrimento.

Por Por Universo das Palavras


Sonhar, instantes de fascinação

Pequenas crianças que me rodeiam, faz com que dias felizes e melhores se tornem realidade. Durante essa noite, sonhei com um pequeno bebê de cabelos encaracolados, o qual comigo ficou durante um bom tempo, rindo, brincando e ‘sendo criança’, fazendo com que as horas da minha noite voassem. O bebê que por mim havia sido encontrado, estava perdido, deveria ter seus 2 anos, em média, garoto risonho, pele morena clara, cabelos castanhos claros encaracolados, rosto redondo, sorriso suave e angelical. Sua imagem não saiu da minha cabeça o dia todo, não é a primeira vez que sonho com crianças e todas sempre me fazem muito bem, tanto durante a noite, quanto durante o dia quando lembro. 
A simplicidade da felicidade do garoto me encantava, as brincadeiras “bobinhas”, os gestos de carinho, tudo me fascinava, contudo ele estava perdido e precisava encontrar sua mamãe, que com certeza o procurava desesperado, foi então que sai com ele para que a encontrássemos e na esquina da minha casa estavam duas mulheres procurando a criança. Entreguei-o e ele se foi acenando e sorrindo, com aquele rostinho de anjo que jamais será esquecido pela minha mente.
Por Por Universo das Palavras




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