A lua era forte, na melancólica noite em que Helena adormeceu eternamente. Dias quentes de verão declaravam a seca do sertão. Sem água, sem trabalho, sem comida, sem vida. Assim se encontravam os nordestinos, procurando formas de não deixar os filhos passarem fome. Famílias com seis, sete filhos dormindo em casebres, bebendo a água da chuva e comendo o que o pai conseguia para colocar em casa, às vezes apenas farinha. Farinha e água. Alimento que quando saciava a fome de todos, significava fartura.
Assim vivia a família de dona Helena, uma boia-fria moradora do sertão nordestino, mulher, mãe, guerreira... D. Helena era mãe de 6 filhos, cujo mais novo tinha 7 meses e o mais velho 14 anos. Viúva e boia-fria, trabalhava junto com os três primeiros filhos para conseguir levar o que comer para dentro de casa. Jorge, o filho mais velho – 14 anos – ajudava a mãe no canavial. Simão e Gilberto – 12 e 11 anos – trabalhavam como engraxates. Solange – 10 anos – essa ficava em casa para cuidar dos outros dois irmãos, Suzana – 3 anos – e Sérgio – 7 meses.
O pai morrera de malária há alguns meses, d. Helena, a partir de então passou a trabalhar para sustentar o lar, ou melhor, para mantê-los vivos. Todas as noites a batalhadora viúva chorava e pedia para que o Senhor lhe concedesse saúde e força para que pudesse sobreviver e cuidar dos filhos.
A água, na casa de dona Helena, era escassa, o poço que abastecia o pote estava secando, mas os vizinhos a ajudavam fornecendo pelo menos água limpa para as crianças saciarem a sede durante o dia, os banhos eram tomados no rio longe de casa, onde ela também lavava roupas. O café da manhã era um copo de água que os vizinhos lhe davam, o almoço feijão e farinha, às vezes tinha sal para misturar; o jantar era a sobra do almoço. Comiam os mais novos, porque os mais velhos já eram fortes o suficiente para aguentarem a fome. A casa onde viviam era feita de barro, divididos em dois cômodos, cozinha e quarto, sem mobília, com somente um fogão de barro e uma mesa feita de tijolos. A cama eram folhas de bananeira com cobertores encontrados em um aterro nos arredores.
Em uma noite estrelada de lua clara, dona Helena saiu para pedir um pouco de água a algum vizinho, porque o mais novo tinha fome e o leite já havia secado. D. Helena não aguentando ver a criança chorar de tanta fome foi procurar alguém para lhe dar um pouco de água. O bebê chorou até adormecer, as crianças também e d. Helena não voltou. Seu corpo foi encontrado na manhã do outro dia. Jorge saíra para procurar a mãe e encontrou-a caída a 2 metros da casa com uma caneca de água em mãos.
Dona Helena havia encontrado o que procurava, mas não aguentou a fome, nem a sede, perdendo as forças no meio do trajeto, o que saciaria a fome do filho poderia ter feito com que ela sobrevivesse, mas o destino não quis assim e a batalhadora mulher de 38 anos morre no sertão nordestino por desnutrição e desidratação.
Os filhos de dona Helena continuaram vivendo na casa durante alguns anos, o bebê não suportou tanto tempo e alguns meses após a morte da mãe faleceu, Jorge, Solange, Simão, Gilberto e Suzana conseguiram sobreviver e continuam trabalhando no canavial, lutando contra doenças, fome, sede... e sofrimento.
{Simão e Gilberto – 12 e 11 anos – trabalhavam como engraxates.}onde eles arrumava sapatos pra engraxar?no meio do sertao.estoria boa mas com falhas;
ResponderExcluircade o meu Comentario???
ResponderExcluirOi, desculpa a demora para aceitar o seu comentário, mas aí está ele!
ExcluirSinta-se sempre bem vindo!!!
Abraços.